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Caso o iene se recupere, o Japão poderá voltar ao pódio da economia global — Foto: Getty Images via BBC
Nos últimos três meses de 2023, o PIB do Japão caiu 0,4% em comparação com o mesmo período de 2022. Nos três meses anteriores, a economia já havia contraído 3,3%.
Os dados foram divulgados na quinta-feira pelo governo japonês. Os números surpreenderam até os economistas, que previam um crescimento superior a 1% no último trimestre do ano.
Dois trimestres consecutivos de contração econômica são considerados a definição típica de uma recessão técnica.
O FMI só anuncia a mudança na classificação após ambos os países publicarem as versões finais dos seus dados econômicos.
1. Um iene fraco
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Uma moeda desvalorizada pode favorecer as exportações de uma economia, mas também pode prejudicar o poder de compra do consumidor local — Foto: Getty Images via BBC
Uma das causas, segundo o especialista, foi a desvalorização da moeda japonesa, o iene, em relação ao dólar americano.
Newman diz, no entanto, que, caso o iene se recupere, o Japão poderá voltar ao pódio da economia global.
Em uma coletiva de imprensa realizada em Tóquio este mês, a vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, já havia indicado que a desvalorização da moeda japonesa, de 9% em relação ao dólar americano no ano passado, era relevante e poderia levar o país a perder posição no ranking.
Por outro lado, essa desvalorização da moeda perante o dólar contribuiu para ajudar a impulsionar os preços das ações de algumas das maiores empresas japonesas, ao baratear exportações de bens como automóveis nos mercados estrangeiros.
Mas os últimos resultados podem significar que o aumento previsto das taxas de juro pelo banco central japonês está atrasado.
Em 2016, o Banco do Japão introduziu taxas de juro negativas para incentivar o consumo e o investimento. A consequência é um iene menos atraente para os investidores globais, o que prejudica o valor da moeda.
2. Queda na demanda
Tal como acontece com outras grandes economias do mundo, o Japão está sofrendo com um aumento no custo de vida e de preços.
Yoshitaka Shindo, ministro da Economia do Japão, destacou a necessidade de um forte crescimento salarial para apoiar o consumo, que descreveu como "sem impulso" devido à espiral ascendente.
No Japão, o consumo privado representa mais da metade da atividade econômica. O índice caiu 0,2%, enquanto os mercados previam um crescimento de 0,1%.
O declínio foi atribuído ao aumento do custo de vida e às altas temperaturas, que desencorajaram as famílias a comer fora e a comprar roupas de inverno.
Os gastos de capital, outro indicador importante do setor privado, caíram 0,1%, contra as previsões de um ganho de 0,3%.
É o terceiro trimestre consecutivo que o consumo privado e as despesas de capital se contraem, o que também contribuiu para o arrefecimento da economia.
3. O envelhecimento da população
Para além desses indicadores, a economia japonesa continua a enfrentar o enorme desafio do envelhecimento populacional.
Em setembro de 2023, o Japão registrou que uma em cada 10 pessoas tinha mais de 80 anos pela primeira vez na história.
Os mesmos dados mostraram que 29,1% – quase um terço – dos 125 milhões de japoneses tinham 65 anos ou mais.
O Japão tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo e há muito tempo luta para fornecer bens à sua população idosa.
Em janeiro de 2023, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que o país estava perto de não ser capaz de funcionar como sociedade devido à queda na natalidade.
E embora esse seja um problema que afeta vários países do mundo, é particularmente mais forte no Japão devido à elevada expectativa de vida, o que se traduz em mais idosos e menos força de trabalho para ajudar a sustentá-los.
Considerando os números totais de 2023, a economia japonesa cresceu 1,9%.
Mas os resultados dos últimos meses e a surpresa da Alemanha fizeram soar o alarme.
"Implementaremos todas as medidas políticas para apoiar os aumentos salariais" para abrir caminho para um crescimento econômico sustentável impulsionado pela demanda, acrescentou.
O momento também é de notícias ruins para o Reino Unido.
O país entrou em recessão após confirmar uma contração econômica pelo segundo trimestre consecutivo.
O PIB britânico contraiu 0,3% entre outubro e dezembro, depois de ter caído 0,1% no trimestre anterior, apesar de ter crescido 0,1% no conjunto de 2023.
O Reino Unido e o Japão fazem parte do G7, o grupo que representa várias das economias mais poderosas do mundo, que também inclui os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a Itália, o Canadá e a União Europeia como membro de fato.
Quadros de desaceleração econômica têm sido comuns nos últimos meses entre esses países, com exceção dos Estados Unidos, cujo PIB superou as previsões e cresceu 3,3% nos último trimestre de 2023.
No momento, no entanto, apenas o Reino Unido e o Japão entraram em recessão.
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